A escassez de chuvas no Nordeste e os temporais no Sul são influenciados pelo fenômeno cíclico El Niño, caracterizado pelo aquecimento das águas equatoriais do Oceano Pacífico. Segundo o boletim mais recente do departamento de Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) dos Estados Unidos, o El Niño deve perder força entre abril e junho, dando lugar ao La Niña, fenômeno oposto de resfriamento superficial do Pacífico. No entanto, especialistas alertam que o aquecimento global pode ter contribuído para a seca histórica observada em 2023 em algumas regiões, como na Bacia Amazônica.

O aumento das temperaturas e a baixa precipitação foram observados antes dos impactos previstos para o El Niño. O volume de chuvas concentrado no Sul também é reflexo do aquecimento global, já que a evaporação acelerada dos oceanos propicia temporais mais intensos e regionalizados.

O ano de 2023 foi o mais quente da História, com a temperatura média global quase 1,5 ºC acima dos níveis pré-industriais, de acordo com o Observatório Copernicus da União Europeia. Há alta probabilidade de ultrapassar esse limite crítico em 2024. O Brasil registrou recorde de desastres naturais, com 1.161 eventos, resultando em enchentes, deslizamentos de terra e transbordamento de rios. As catástrofes ligadas ao clima em 2023 causaram pelo menos 132 mortes, 600 mil desabrigados ou desalojados e quase 25 bilhões de reais em prejuízos econômicos, segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia. A Amazônia enfrentou a pior seca em mais de 120 anos, com rios da Bacia do Amazonas atingindo volumes historicamente baixos.