Esse crescimento chamou a atenção de pesquisadores, que começaram a investigar se a tecnologia — especialmente o uso frequente de smartphones — estaria contribuindo para o desenvolvimento do transtorno em pessoas sem histórico de TDAH na infância. Será que passar horas diárias no celular pode levar ao TDAH?

Um estudo publicado no *Journal of the American Medical Association* sugere que o uso excessivo de tecnologia pode criar um vício em telas, impactando negativamente a capacidade de foco e concentração.

Os dados confirmam uma tendência crescente: entre 2003 e 2020, a taxa global de adultos diagnosticados com TDAH passou de 4,4% para 6,3%.

**Outros riscos do uso excessivo de smartphones**

Além de comprometer a atenção, o uso exagerado de dispositivos eletrônicos está relacionado a outros impactos na saúde mental e no comportamento. Entre eles, estão a redução da inteligência emocional e social, o isolamento, o comprometimento do desenvolvimento cerebral e até a piora na qualidade do sono, muitas vezes prejudicada pela exposição prolongada às telas.

Para reduzir esses riscos, especialistas recomendam estabelecer limites saudáveis, como dedicar menos tempo ao celular, controlar o uso e garantir momentos de descanso e desconexão para o cérebro. De acordo com o estudo, pessoas que passam mais de duas horas diárias no celular têm 10% mais chances de apresentar sintomas de TDAH.

A hipótese é que o uso contínuo de smartphones, especialmente para redes sociais, cria uma sobrecarga de informações, habituando o cérebro a dividir a atenção entre diversas tarefas. Essa dinâmica constante de "checar o celular e retornar" interfere na habilidade de manter o foco em uma única atividade, o que, ao longo do tempo, pode reduzir a capacidade de concentração. Além disso, ao ocupar o tempo livre com o celular, o cérebro perde oportunidades de descanso.

**TDAH adquirido**

Diferentemente da visão tradicional que o classifica como um transtorno genético, o TDAH pode surgir em adultos como consequência do estilo de vida moderno. O psiquiatra John Ratey, da Harvard Medical School, destaca que a pressão por multitarefa e a exposição constante a estímulos tecnológicos podem causar o que ele chama de "déficit de atenção adquirido".